Recalculando rota

Eu vi um reel no meu feed esses dias e fiquei preocupada. Era um homem falando em um podcast sobre como nunca devemos desistir de nada. Ela falava que resistir aos problemas era sinal de força… e isso me fez refletir muito.

Já vivi dias muito difíceis, e em muitos momentos da vida, precisei repensar meu caminho. As vezes, o caminho que eu tinha escolhido era difícil demais; outras vezes, só era meio tosco e tinha perdido o sentido pra mim.

Lembrei de como foi dificil assumir que eu queria mudar. Primeiro, foi dificil assumir pra mim mesma. Depois, sustentar essa decisão diante dos outros, que se surpreendiam com minha decisão e me questionavam. Não que eu deva satisfação à ninguém… mas é bom compartilhar a vida com os outros e esses questionamentos podem ser uma boa forma de abrir nossos olhos. Mas, não é fácil… o processo todo, não é simples. A nossa convicção é posta a prova e isso pode ser desgastante demais.

Pois bem. Foi assim que eu comecei a perceber que as vezes, desistir é a melhor opção que temos. Sim, estar aberta para recalcular a rota é saudável.

Flexibilidade psicológica é como chamamos nossa habilidade de adaptar nosso comportamento às demandas do ambiente, reconhecendo o que está acontecendo ao nosso redor. Ao estarmos abertos para recalcular a rota, demonstramos uma sensibilidade aguçada às mudanças nas contingências, permitindo-nos ajustar nossos planos conforme necessário.

Negar-se a desistir de uma ideia pode ser prejudicial para a saúde mental. Isso porque insistir rigidamente em um curso de ação, mesmo quando as circunstâncias mudam, pode levar a um aumento do estresse, da ansiedade e da frustração. A incapacidade de se adaptar às novas contingências pode resultar em um ciclo de esforço contínuo sem progresso, impactando negativamente o bem-estar psicológico.

“ah as mas a vida é dificil, voce tem que aguentar o tempo ruim para depois desfrutar” - alguns vão dizer. E eu até acho que tem um pouco de verdade. Algum desconforto vamos ter que tolerar mesmo, para chegar onde queremos. Mas, tem que ver se queremos mesmo, a qualquer custo, sabe? Ou melhor, ao custo da nossa saúde mental ou física, das nossas relações, do nosso tempo;

Ao refletir sobre os desconfortos que topamos na nossa vida, colocamos em cheque nossas convicções. E isso, mesmo que seja cansativo, é muito bom! Quando nos questionamos o que está em jogo, abrimos espaço para avaliar continuamente nossas escolhas e ajustar nosso comportamento de acordo com as condições em constante mudança. Isso não apenas promove um maior equilíbrio emocional, mas também nos capacita a tomar decisões mais informadas e alinhadas com nossos objetivos.

Portanto, ao aceitarmos que, em certos momentos, desistir pode ser a melhor opção e ao estarmos abertos para recalcular a rota, estamos fortalecendo nossa capacidade de navegar pelas complexidades da vida de uma forma mais adaptativa e saudável para o nosso bem-estar mental.

Não é fácil, mas é tão bom <3